História de uma guirlanda

Publicado em: 12/07/2023 às 10h25

História escrita pela yogini Valéria Ferreira – do coletivo de Belo Horizonte – MG

Cenário: Cabella, Krishna Puja de 1995. O Palazzo Dória ainda não havia passado pela reforma.

Estava de férias na Suíça, visitando Sahaja yogis no ashram de Nyon, onde eu havia morado em 1994. Tinha pouco mais de dois anos de Sahaja Yoga.

Levava um presente do Brasil para Shree Mataji – um jogo de cama e banho bordados, carregados cuidadosamente durante toda a viagem, num trolley trazido do Brasil. Também confeccionei um cartão com a foto dos yogis brasileiros num seminário no Espírito Santo. Também encomendei a uma artesã mineira 350 coraçõezinhos de porcelana pintados à mão para presentear os Sahaja yogis presentes. Numa caixinha, um deles foi oferecido a Shree Mataji junto aos demais presentes.

Naquela época poucos yogis brasileiros iam aos Pujas internacionais, e apenas eu estava lá. Fiquei muito tensa na hora de entregar os presentes e nem pude escutar direito os comentários que Shree Mataji fazia. Só me lembro de tê-La ouvido dizer: “Vocês são muitos!” ao ver a foto do cartão.

Andando deslumbrada pelos cômodos do Castelo Doria, fui abordada por uma yogini americana, anfitriã do Puja, assim como eu, só que eu nem sabia disso. Cada país faz parte de uma equipe encarregada da organização dos Pujas, e o de Shri Krishna era cuidado pelos países Sul Americanos. Ela me perguntou: “De onde você é? E ao ouvir a resposta me disse: “Oh, venha comigo!”

Levou-me para um pequeno cômodo no térreo do Castelo, onde depois funcionou o escritório da Fundação, e havia muitas flores lá. Então, ela me entregou uma tesoura e um novelo de linha e disse: “Faça uma guirlanda para Shree Mataji, para o Puja de hoje à noite.” Levei um susto e disse que não sabia fazer guirlanda, mas ela não se importou e imediatamente me deu as costas e se foi. Pude perceber um sorriso em seus lábios…

Confesso que não me lembro muito bem dos detalhes desse momento em diante, pois devo ter entrado em meditação. Recordo-me apenas de ter cortado flores variadas e feito um esboço de arranjo com elas. Sozinha e no mais completo silêncio, consegui finalizar minha “obra de arte”, sentindo muita alegria. Meio incrédula, precisei fotografar para dias depois comprovar que tinha sido tudo real…

À noite, ao ser recebida no hangar, vi a guirlanda ser colocada na Deusa. Um misto de alegria e constrangimento se apossou de mim ao perceber que não cortaram o excesso de linha que eu havia deixado, por não saber o tamanho exato da guirlanda…

Jai Shree Mataji!

 

A guirlanda…

Palazzo Dória

“Vocês são muitos!”

O jogo de cama e banho oferecido pelo Brasil

Presente para os yogis